quinta-feira, 10 de julho de 2014

O PAPEL DA MULHER COMO VOZ POLÍTICA DE EMANCIPAÇÃO

 BOLETIM DO COLETIVO DE JUVENTUDE VAMOS À LUTA – Construindo uma Nova Direção Juvenil (DF)
No 01 Julho de 2014
 
Por Isabela Alves*
Para entender como foi construída a voz feminina como sujeito político de emancipação é necessário fazer um percurso histórico de como se organizou os diversos movimentos de mulheres durante a história, especialmente a do Brasil e da América Latina.
Um dos grandes êxitos do Movimento de Mulheres das décadas de 70 e 80 no Brasil foi o de trazer ao debate público assuntos que até então ficavam restritos à esfera privada, como a questão da violência doméstica ocorrida contra mulheres por seus maridos. Foi na década de 70 também que a taxa de mulheres sindicalizadas cresceu 176%. Antes ainda, houve a campanha sufragista que resultou no direito de voto à mulher .Contudo, essas conquistas não atingiram de forma homogênea a todas as mulheres. No caso do voto por exemplo, inicialmente somente mulheres casadas, viúvas e solteiras com renda própria poderiam votar.
Estudiosas como Cynthia Sarti, apontam para a modernização individualista da mulher a partir dos anos 60, com a utilização dos métodos contraceptivos, acesso ao ensino superior, dando-se numa sociedade altamente hierarquizada em termos de classe, raça e gênero. No Brasil, esses avanços foram destinados em sua maioria ao Sudeste branco, urbano e mais desenvolvido.
A década de 90 foi o período das conferências internacionais que discutiram a questão da violência contra a mulher em uma escala mundial.
Em 2006, com a promulgação da Lei nº 11.340/06, Lei Maria da Penha, tivemos no Brasil um marco histórico ao inserir no plano normativo a categoria de gênero há muito estudada pelas ciências sociais. A partir dessa lei, a violência contra a mulher pôde ser discutida também como uma questão de gênero, categoria construída socialmente como reflexo do tratamento desigual concedido às mulheres ao longo da história.
Salientamos que comete um erro grave quem pensa que a discussão de gênero está descolada da discussão sobre a exploração de uma classe sobre a outra no processo produtivo, ou sobre a exploração de uma raça sobre a outra. Na realidade, as discussões se entrelaçam e é necessária uma leitura madura sobre isso que dê conta da importância do tema.
A clássica frase “o gênero nos une e a classe nos separa” vem ao encontro do entendimento de que a mulher enquanto leitura de gênero não está descolada da sua realidade social, dos tipos de exploração que sofre enquanto mulher trabalhadora. Por isso, a nossa escolha enquanto luta feminista é se vincular aos nossos desafios enquanto classe trabalhadora assalariada que convive com os desmandos dos patrões e das patroas. Para nós, não adianta que uma mulher assuma a Presidência da República, mas que obedeça à cartilha do grande capital financeiro, representado pelos bancos que nos submetem ao constante corte nas áreas sociais nas quais estão vinculadas a construção de creches e os investimentos na política pública de enfrentamento à violência contra as mulheres. A contradição assume um aspecto incontornável uma vez que mais de 40% do Orçamento Geral da União são destinados ao pagamento de títulos da dívida pública para essas instituições financeiras. Uma dívida que deveria ter sido auditada desde 2010 após a CPI da Dívida Pública e nada foi feito.
Segundo dados da Auditoria Cidadã da Dívida Pública, em 2013, a previsão orçamentária para o enfrentamento da violência contra a mulher foi da ordem de R$ 191 milhões, isto é, 3.761 vezes menos que o valor destinado à dívida pública federal no mesmo ano. Já o montante efetivamente executado foi de R$ 135 milhões, o que corresponde a um percentual de 71% do que havia sido previsto.
Acreditamos que as jornadas de junho, onde 57%dos manifestantes eram mulheres, abriram as portas de uma nova situação política. Vivemos um momento favorável para a luta de classes, com uma mudança na correlação de forças. De um lado, estão a juventude, os trabalhadores e setores populares, mais fortes e mais confiantes, do outro lado, na defensiva, os governos e as velhas direções burocráticas e traidoras dos movimentos populares e sindicais.
No meio desse processo de enfrentamento; de greves, e de repressão aos trabalhadores por parte dos governos ligados à Dilma (PT/PMDB) e também aos partidos da velha direita (PSDB), defendemos que a militância de esquerda deva fazer um exercício diário de combate a qualquer tipo de opressão que se manifesta não somente com a agressão física, mas muitas vezes com a agressão moral e psicológica principalmente às mulheres.
Como um Coletivo historicamente combativo e que tem centenas de mulheres liderando suas lutas, repudiamos veementemente qualquer atitude considerada machista em nosso meio, porém, assim como o método da dialética materialista defendido pelos marxistas, defendemos que essas práticas devem ser desconstruídas na militância diária, pois não estamos imunes a elas e devemos nos disciplinar diante disso.
Outro fator fundamental é o fato de acreditarmos que a mulher deve ser o sujeito legítimo para decidir sobre o que fazer ou não com o seu corpo. Assim, o polêmico tema sobre a descriminalização do aborto deve ser encarado de frente pela militância de esquerda para que seja feito um debate sério sobre o tema.
Com relação à regulamentação ou não das profissionais do sexo, percebemos que muitos mulheres e homens esquecem de perguntar para as próprias profissionais do sexo o que elas pensam a respeito do tema . Para nós esse ato leva ao equívoco de querer falar pelas pessoas sem ao menos empoderá-las como sujeito de direito de relações que as envolvem.
Isso não é nem nunca será um feminismo combativo que deve ser perpetuado nas trincheiras das batalhas que enfrentamos todo dia. Essa ideia de que vamos salvar alguém é totalmente distorcida, artificial.
Nesse sentido, faz-se necessário que o movimento de mulheres amadureça sua militância, conversando com as protagonistas dessa discussão, integrando-as à nossa luta diária e não com ideias pré- concebidas de superioridade com relação a essas mulheres.
O Coletivo de Juventude Vamos à Luta, vive um momento de reconstrução e reorganização de sua luta no DF tendo como uma das prioridades, o debate e a efetivação da luta feminista dentro dele. Por isso, faremos um debate aberto, com grupos de leitura e discussão, roda de conversa sobre o feminismo, sobretudo o classista; o feminismo voltado para a periferia, já que defendemos que a luta da mulher jamais será eficaz se for centrada em um pequeno e favorecido grupo. Acreditamos que devemos construir uma militância que preza pela formação consciente de cada vez mais pessoas. Além de estudos que defendemos que devem ser feitos entre as mulheres da organização.
Levantaremos também uma discussão que preze a nossa postura de reconhecimento da necessidade da desconstrução do machismo e da reprodução dele, de forma legítima e pedagógica, já que o machismo é uma prática enraizada e tão forte dentro da nossa sociedade, exigindo a revisão e desconstrução por parte de todos e todas; todos os dias e mais ainda na luta.
Por isso, convidamos a todas e a todos para essa atividade objetivando uma troca de experiência e impressões que levem ao avanço essa pauta tão necessária.

*Isabela Alves Reis que é Bacharel em Direito pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) e estudante de Letras Espanhol pela UnB. É militante do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), do Coletivo de Juventude Vamos à Luta e da CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores). A companheira Isabela é estudiosa do Feminismo com corte de classe com especial atenção às profissionais do sexo.Mantém também um blog com a temática.
 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Eleição do DCE - UnB: uma reflexão necessária

 
Eleição do DCE - UnB: uma reflexão necessária
 

A Universidade de Brasília vivencia um novo cenário. Vimos nesses últimos tempos a Adunb ser dirigida pelo grupo golpista próximo ao Proifes, o grupo do ex-reitor corrupto e privatista, Timothy Muholland, retornar à reitoria com o apoio da Aliança pela Liberdade, organização da juventude conservadora, anti-cotas, anti-paridade, e anti-greve que hoje está no DCE da UnB.
 
Ao mesmo tempo em que as forças reacionárias na UnB ganham aparatos, é inegável o processo de ascenso das lutas que a juventude e a classe trabalhadora têm protagonizado. Em 2011, estudantes ocuparam reitorias em diversas universidades (incluindo a UnB) por melhores condições de ensino, enquanto técnicos-administrativos construíram uma grande greve. Este ano, foi definitivamente marcado pela heroica greve das federais, onde professores/as, estudantes e técnicos/as pararam as universidades contra os ajustes do governo  Dilma (PT/PMDB), em defesa da educação.
 
Quem deveria nos representar, o DCE na UnB e nacionalmente a direção majoritaria da UNE , nada fizeram e fecharam os olhos diante das mobilizações. Por fora das entidades, estudantes de forma independente organizaram assembleias e se somaram à luta, pois a política de precarização e sucateamento da educação deste governo é sentida por qualquer estudante, nos quatro cantos do país.

A eleição do DCE aconteceu logo após este processo. Foram inscritas seis chapas, onde haviam três campos políticos definidos: a direita tradicional, o governo e a oposição de esquerda ao governo. Construímos a chapa 6 "Nada é Impossível de Mudar", juntamente com outras forças da esquerda, partindo da compreensão que era essa a chapa onde não havia nenhum tipo de relação com grupos ligados nem à reitoria de Ivan Camargo e nem ao governo federal e, assim, capaz de responder às demandas sentidas hoje pelo conjunto da universidade.

Nesta eleição, a Aliança pela Liberdade melhorou sua campanha, se reelegendo por uma diferença de votos maior em relação as eleições passadas. Este grupo encontrou espaço político na UnB antes mesmo de disputar o DCE utilizando dos mesmos argumentos que em 2009 foram usados pela chapa ganhadora a chapa "Pra Fazer Diferente" (AE/PT, B&D) o discurso da "nova" forma de fazer política, reproduzindo a rejeição à organização partidária e o discurso da não politização da entidade, ou seja, o DCE não deveria se posicionar sobre questões externas à UnB. Hoje este mesmo discurso é reproduzido pela Aliança pela Liberdade, apesar de receberem apoios externos à UnB, como o apoio da Revista Veja, partidos de direita como o ARENA (partido da ditadura militar que está se reestruturando).
 
A chapa que ficou em segundo lugar "As Honestinas" teve um resultado eleitoral não proporcional ao volume e ao nível de profissionalização de sua campanha, e portanto, não ameaçou a vitória da Aliança. O conteúdo apresentado por esta chapa elaborou propostas bem apresentadas, porém não refletiu as lutas protagonizadas pela juventude no último período e foi insuficiente para responder às necessidades reais vivenciadas no cotidiano universitário, como as filas do R.U., transporte, assistência estudantil, falta de estrutura, entre outros. As chapas 3 e 4 não tinham capacidade de apresentar também um conteúdo que refletisse as mobilizações, pela falta de independência política ao governo federal que no ultimo período cortou mais de 5 bi da educação e vem precarizando ainda mais as universidades por meio de programas como o REUNI.

Acreditamos que somente será possível tirar esse grupo elitista do DCE se apostarmos no sentimento de mudança e luta da juventude. A greve das federais impôs uma grande derrota à Aliança pela Liberdade. Perderam em uma das maiores assembleias estudantis da história da UnB, no CEB e até mesmo na enquete na internet, onde mais 60% votaram pela continuidade da greve estudantil, contra o posicionamento do DCE. Portanto, não basta somente uma estética bem construída, pois foi na mobilização que a Aliança pela Liberdade ficou sem espaço.

Diante de um cenário de ataques do governo e de um DCE sem independência da reitoria, fazemos o chamado a todos/as estudantes para construirmos uma coerente e propositiva oposição a Aliança pela Liberdade que englobe as lutas dos/as estudantes, beneficiários da assistência estudantil, LGBT´s, cotistas, etc e todas/os aqueles/as que lutam por uma universidade publica, gratuita, de qualidade a serviço dos trabalhadores.

Vamos à Luta!

Contatos:
 
8212 9948
8169 4477

domingo, 2 de dezembro de 2012

Chega de aumento de mensalidade e cortes de bolsa na Católica!



A Universidade Católica de Brasília através de sua política "pilantrópica", aumentou a mensalidade em 8,9 % e anunciou o corte de bolsas atleta e social alegando problemas financeiros e sazonalidade no aumento. Mas como isso se deve em uma das Universidades que mais recebem receitas e isenção de impostos por participar de programas do governo como o PROUNI e o Bolsa Social do GDF.

A demanda por educação superior nas universidades pagas aumentou significativamente nos últimos anos, pois, infelizmente, o Governo federal não tem como prioridade a universalização do ensino superior público e hoje investe menos de 1 % das receitas arrecadas no ensino superior. Também não fiscaliza e regulamenta o ensino privado, deixando a educação de milhões de jovens nas mãos de empresários que apenas visam o lucro em detrimento de uma educação de qualidade.

O Corte na bolsa-atleta vai à contramão da política de fortalecimento do desporto universitário justamente no período importante onde o país receberá as Olimpíadas, também demonstra que não tem compromisso com o social, pois também anunciou a redução da bolsa social.

A Católica cresceu muito nos últimos anos, criando cursos à distância e presenciais, ampliando o número de vagas de diversos cursos e a transferência de renda por parte do governo também atua positivamente nas receitas da Universidade.

Entretanto, a lógica paternalista da UBEC (Mantenedora da Universidade) é de que a UCB sustenta as demais entidades (colégios salesianos, marianos...). Os efeitos disso sentimos no cotidiano e de forma bem clara: serviços precários, cobrança abusiva de estacionamento, cursos que falham em seus projetos de pesquisa e extensão por falta de verba. 

Parabenizamos a tod@s os/as estudantes da Universidade Católica de Brasília, pela mobilização e exitosa ocupação da Reitoria onde demonstra que nós estudantes não nos calaremos diante de mais um abuso dos mercenários que controlam a UCB.
É necessário seguir lutando em defesa de uma educação de qualidade.
Educação não é mercadoria!
  • Pelo fim dos aumentos abusivos!
  • Não ao corte das bolsas!
  • Por uma Universidade mais democrática!
  • Pelo fim dos processos contra os estudantes!





Contato: Luis Alberto: 8183 2785


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Mensagem aos calour@s!



Parabéns Calour@ pelo seu ingresso na universidade, pois sabemos o quanto o ensino superior público é excludente e você ter chegado aqui é uma grande vitória , uma importante conquista em sua trajetória! Agora se inicia uma nova fase da sua vida, uma fase de descobertas e explorações, esperamos que você desfrute bem, pois agora se iniciam os melhores anos da sua vida.
Você está entrando na UnB após um período de uma greve histórica, que defendia principalmente uma melhor condição de trabalho para professores e servidores, uma greve que unificou todos os segmentos da universidade (professores, técnicos e estudantes) que estiveram juntos nessa luta que tomou conta de todo o país.
Essa greve nacional não aconteceu à toa. É uma consequência do desmonte que a educação pública vive. Somente nesses dois anos de governo Dilma, já foram cortados mais de 5 bilhões da educação, isso traz resultados para uma assistência precária, profissionais mal remunerados, falta de estrutura entre outros.
Defendemos a universalização da univesidade, mas nos posicionamos contra o programa de expansão da universidade que não garante o aumento necesario de verbas nem estrutura adecudada sucateando e precarizando a UnB, pois não temos estrutura adecuada. A greve terminou, mas a luta continua, lutamos por uma universidade de qualidade para tod@s e te convidamos a se juntar a esta luta com o movimento estudantil que já fez história nessa universidade com diversas conquistas.
Seja Bem Vind@s à UnB e que suas realizações sejam contempladas aqui dentro!

Saudações do Coletivo Mobiliza UnB!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Avaliação da Greve pela Exnel


A educação pública no Brasil está sucateada, professoras/es desvalorizadas/os com salários baixos, materiais didáticos insuficientes e de baixa qualidade, alunas/os desmotivadas/os, infraestrutura inadequada e vários outros problemas que refletem a péssima qualidade da educação.
O ano começou com várias greves e mobilizações das/os professoras/es da educação básica reivindicando melhores condições de trabalho e maiores salários.
Professoras/es, técnicas/os universitárias/os também entraram em greve exigindo planos de carreira e melhores condições de trabalho. Essas greves foram em resposta ao projeto neoliberal e mercadológico das universidades, potencializado pela expansão universitária via Programa de Reestruturação da Universidade Públicas – REUNI e também por projetos estaduais similares a este que impuseram algumas metas que precarizam ainda mais o ensino, tais como: o aumento da relação aluna/o-professor/a; diversificação da modalidade de ensino inaugurando os cursos de formação acelerada; duplicação do número de acesso,porém com aumento de apenas 20% dos recursos, sendo esses subordinados aos recursos do MEC e sem garantia de fato; criação de campi sem infraestrutura adequada (há universidades com aulas em usinas de lixo) e outros problemas.
Infelizmente, o governo Dilma, diante da crise econômica,escolheu priorizar o capital financeiro em detrimento da educação, pois efetuou uma série de medidas que atestam essa fato : continuou pagando os juros da divida externa, deu isenção de impostos para grandes empresários, cortou recursos das áreas sociais(cerca de 55 bilhões), orientou o corte de ponto de grevistas, além de apresentar uma proposta rebaixada para as categorias em greve.
O ANDES-SN, sindicato nacional que representa a maioria absoluta dos docentes, recusou a proposta do governo, e ele se manteve intransigente, se opondo a negociar, levando, assim, a greve a uma duração de mais de três meses. Isso demonstra a total falta de responsabilidade com a educação superior neste país. As/os estudantes também entraram em greve reivindicando melhores condições de ensino e permanência nas universidades, como reajuste de bolsas acadêmicas e de permanência; mais restaurantes universitários; moradias; creches universitárias; conclusão de novos campi e mais investimento.
Ainda que em nível nacional as pautas da greve pouco avançaram, o governo sinalizou aumentar a verba do Plano Nacional de Assistência Estudantil – PNAES e em muitas reivindicações locais em várias universidades foram alcançadas.
Apesar de alguns problemas, o Comando Nacional de Greve estudantil – CNGE  também foi um avanço em relação à organização dos estudantes, negociando as pautas com o governo, articulando com outras categorias em greve, organizando atos, etc., além de que seus delegados foram eleitos democraticamente nas assembleias.
Com o fim da greve, resta-nos o desafio de avançar ainda mais nas lutas e mobilizações para conseguir construir uma universidade pública gratuita, universal e de qualidade que esteja a serviço da emancipação dos trabalhadores e não apenas para formação de mão de obra e reserva de mercado.
Encontra-se no Senado Federal o novo Plano Nacional de Educação (PNE) que segue a lógica do REUNI, aprofundando suas metas precarizantes, além de não mudar o patamar de investimento atual. A proposta do governo e de setores governistas dentro do Movimento Estudantil é que o investimento do PNE seja de 10% do PIB para 2023, porém a greve mostrou que é necessário investir já para o próximo ano.

Executiva Nacional de Estudantes de Letras – ExNEL

domingo, 9 de setembro de 2012

Nem Márcia nem Ivan falam em nosso nome: Vamos à Luta vota nulo nesse segundo turno!

Nem Márcia nem Ivan falam em nosso nome:

Vamos à Luta vota nulo nesse segundo turno!


Nos próximos dias 11 e 12/09 ocorrerão o 2º turno das eleições para a reitoria da UnB. Concorrem duas chapas: Chapa 80 encabeçada pela ex-decana da gestão José Geraldo, Márcia Abraão e a Chapa 86 de Ivan Camargo que foi decano na gestão Lauro/Timothy.


O coletivo Vamos à Luta apresenta sua análise e o porquê votar nulo nesse segundo turno.

Com Sadi e Baiana


No 1º turno apoiamos a chapa 88 -Sadi e Baiana por representar o projeto de universidade que defendemos: a Universidade pública, democrática, gratuita, laica, de qualidade, socialmente referenciada; Por ter uma posição crítica à política do governo Lula/Dilma e ao projeto de privatização e precarização dos hospitais universitários via EBSERH. Também porque era uma das poucas chapas que construíram a greve dos professores participando ativamente do seu comando e atividades.

Nem Ivan, nem Márcia falam em nosso nome!

Neste segundo turno uma pergunta tem de ser feita: o que existe de diferença substancial nas chapas 80 e 86 que justifique um voto de confiança?
Ivan Camargo representa o fortalecimento das fundações privadas, a volta ao passado de privilégios, a elitização do conhecimento e a cobrança de taxas, além de fazer parte do que existe de mais atrasado na UnB: o grupo do ex- reitor (com "indícios" de corrupção) Timothy Muholland que foi expulso da reitoria com a ocupação de 2008.
Por outro lado, Márcia se apresenta com o perfil da novidade e dos avanços, mas a verdade é que nos últimos 4 anos da gestão o que vimos foi um descaso com a assistência estudantil, o não cumprimento da promessa do Congresso Estatuinte e a prontidão em apoiar e aprovar qualquer projeto do governo para a UnB, como o novo ENEM e Empresas Hospitalares. Sua candidatura é representante do governo Dilma, o mesmo governo que precarizou as universidades via REUNI- o carro chefe de sua campanha.
Essa candidatura esteve ausente da greve nacional dos docentes, o maior processo de luta em defesa da universidade pública e mesmo diante da direção golpista da ADunB essa candidata não compareceu sequer a uma assembleia para defender a categoria, mostrando que não é uma candidatura alinhada com os movimentos da Universidade.

Posições semelhantes em temas fundamentais:

Ambos defendem o modelo das fundações privadas para a UnB. Apoiaram o recredenciamento da FAHUB e FINATEC e revindicam o fortalecimento destas. Apoiaram a implementação da EBSERH Sobre os cursos pagos nenhum dos candidatos propõem o fim desse mercado paralelo na universidade. Nem pelo menos um plebiscito, como já aconteceu na UFF para consultar a comunidade, consta em suas propostas. Estes pontos demostram vários momentos onde o presente e o passado conciliaram.

A grande "diferença": Quem melhor gerencia a crise da universidade.

Mas existe sim uma grande diferença: quem melhor vai gerenciar a comunicação, os cortes de verbas, a pesquisa, o ensino e a extensão. Os candidatos fazem um grande esforço para mostrar quem possui a maior capacidade técnica e gerencial, cada um apresentando os seus currículos e suas proezas como ex-decanos. Ivan e a cobrança de taxas de formatura. Márcia e os estudantes SEM CAMPUS da Ceilândia.


Mobilizar a UnB para não deixar o passado voltar e o presente continuar!

Diante de duas candidaturas, que não apresentam diferenças substanciais, temos que fortalecer e dar continuidade a histórica mobilização de todos os segmentos da universidade que combateu fortemente a precarização, a privatização e a desvalorização da educação. Não podemos conceder um voto de confiança em nenhuma candidatura porque ganhe uma ou outra o projeto de UnB, de laboratório das políticas de precarização do governo Dilma, continuará prevalecendo em detrimento da assistência estudantil, do fim dos cursos pagos e das fundações privadas, por mais verbas e pela autonomia universitária.
Temos que continuar com as mobilizações na UnB, pois a política econômica do governo Dilma continuará trazendo problemas para a universidade e exigirá o fortalecimento do movimento estudantil e sindical para derrotar o projeto do governo para e educação e os seus representantes na reitoria, seja Ivan Camargo ou Márcia Abraão.